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SOBRE A FELICIDADE

O caminho da felicidade é muito distinto das instruções que, no ocidente, nos são transmitidas. A primeira ideia essencial a reter refere-se ao facto de que, a felicidade, é algo que acontece dentro de nós. É-se feliz e isso é algo que nasce e vive dentro de um individuo. Assim, se a felicidade é algo que vive dentro de si, ela não pode ser cultivada fora de si.


Este principio algo inusitado para um ocidental, diz-nos que a felicidade não tem uma existência nas coisas fora de nós, uma vez que se trata de algo que sentimos, então não poderão ser bens ou aspetos materiais, que poderão trazer a felicidade.


Por outro lado, importa perceber o que é ser-se feliz e o que é a euforia.


Socorrendo-nos das palavras do grande mestre Zen Thich Nhat Hanh, teremos que: “Many people think excitement is happiness…. But when you are excited you are not peaceful. True happiness is based on peace.”


Ora, transportando essa mensagem para uma narrativa linguisticamente mais próxima, a euforia e/ou a excitação com uma determinada ocorrência, existência ou realidade, é muitas vezes confundidas com felicidade. Contudo, estar eufórico ou excitado é sinónimo de ansiedade e de tensão. Logo, estar nessa posição é o oposto de estar pacífico. A verdadeira felicidade, como diz a citação, encontra-se na paz.


E onde entra o “pecado ocidental” aqui?


Pense comigo. No ocidente somos ensinados que devemos viver a vida intensamente, perseguir os nossos objetivos, seguir sonhos e, acima de tudo, ter um papel ativo e interventivo na vida. Esse eterno não abandono da pressão e de uma auto infligida responsabilidade gera sobre nós exatamente isso, pressão. O stress de ter de se ser, nos moldes em que alguém nos disse que é, ou se viu fazer, afasta-nos daquilo que é a felicidade na sua génese: uma construção de nós, da nossa sabedoria e da nossa experiência do mundo.


Deste modo, tornamo-nos reféns de uma mente que vive eternamente agitada, que temos medo de parar, uma vez que isso vai contra tudo o que sempre nos disseram. Porém, na verdade, o caminho da felicidade é também o caminho da simplicidade. Se não nos libertamos do supérfluo como queremos ser felizes? Se não libertamos a mente do que a contamina não retomamos a simplicidade original, a mesma que tem o olhar de uma pequena criança.


A meditação ensina, então, que nada devemos fazer. Que o silêncio da mente é auto transformador. E, mais uma vez, essa contradição social do “nada fazer”, nos gera um significativo desconforto, tendo em conta que quem nada faz são os indigentes da sociedade.


A meditação é, pois, a arte de ser transformado sem nada fazer. Libertando-nos da mente agitada, aceitando a simplicidade dos fenómenos, somos transformados. Assim, meditar é deixar passar os pensamentos ao lado, não nos apegarmos a estes e deixarmos que se instale, como no dia da nossa criação, a serenidade.


Recordo, meditar não é conquistar. Meditar é perder.

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