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SEJA COMO A ÁGUA (4ª e última parte)

Esclarecimento prévio:


Muitas vezes tomam-se considerações incorretas na interpretação do Taoismo, assumindo que a natureza nos dá metáforas que devemos interpretar no sentido de alcançarmos a maneira mais correta de viver (ver mais informação no fim do post). Não é tanto isto. Não é suposto a natureza ser tratada como metáfora porque, na verdade nós somos parte dessa mesma natureza e, por isso, expressão manifesta do Tao. Olhar para a natureza como metáfora é fazer um exercício de exclusão. Como se estivéssemos fora dessa realidade/vivência e pudéssemos isoladamente (quase assepticamente) aprender com ela.


Assim, e terminando o capítulo (de 4 partes) sobre a água podemos ainda constatar, quer pela observação, quer pela interação que podemos ter com esta que:

  • A água é implacável, no sentido em que nunca abandona o exercício da sua força/ação;

  • A força da água é uma manifestação da sua própria natureza. A água não tenta ser o que ela não é, não recorrendo, por isso, à moralidade ou ausência desta;

  • A água procurará fazer sempre o caminho mais fácil e a ação mais simples, o máximo de tempo que tal lhe for possível;

  • A água não se queixa ou questiona sobre o caminho que segue, simplesmente segue o seu caminho;

  • A água pode adotar um grande número de expressões energéticas: pode estar imóvel, pode mover-se pacata e lentamente, pode alterar o seu fluxo com imensa velocidade, pode sair disparada, pode converter-se em vapor, regressar ao seu estado líquido ou solidificar em gelo.

  • Se atacada ou em resultado de interação, a água reposiciona-se e adapta-se, reagindo muitas vezes com força contrária, em busca de eventuais vulnerabilidades;

  • Quando condicionada/restrita, a água acumula-se aplicando a sua força no ponto mais fraco, procurando, com isso, libertar-se;

  • A água é oportunista na medida em que, apresentando-se-lhe uma pequena abertura ela passa, fá-lo-á enquanto essa abertura estiver presente e dilatará a abertura se tal for possível;

Que possamos compreender e aprender com a água e que sejamos água quando e se assim for necessário.


PS – O conceito de metáfora é, neste caso perigoso, mas mais que o conceito é o olhar do leitor, ou seja, é importante que possamos perceber que somos água…


A água, ou qualquer outro elemento/exemplo, não é uma metáfora ou “processo quase anedótico”, inventado para sustentar uma tese. Ele resulta de um processo reflexivo e constata uma realidade que somos nós. Assim, não podemos (devemos) olhar fora de algo em que estamos dentro.

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