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Image by Lisanto 李奕良

MAIS SOBRE TAOISMO

Descubra mais sobre o que é o taoismo

MAIS SOBRE TAOISMO

Taoismo como filosofia de vida 

Para quem não tem pendor religioso, o Taoísmo pode ser uma ótima filosofia de vida, guiando uma pessoa por entre os problemas cotidianos através de uma sabedoria milenar, sem vínculos religiosos. Um dos pilares do Taoismo, por exemplo, é a permanente mutação de todas as coisas, que leva o taoista a se adaptar muito rapidamente a mudanças na sua vida, coisa que é algo muito comum hoje em dia.

Taoismo como religião

 

Para quem preza cerimónias e rituais, o Taoísmo religioso possui serviços completos em templos, com diversos rituais abertos a todos. As divindades taoistas são, sua maioria, representações de forças naturais ou de pessoas de elevadas virtudes sempre vinculadas a uma única fonte, o “Tao”, o que desvirtua a ideia de que seja uma religião “idólatra“ ou “politeísta”. Os taoistas respeitam os seus antepassados!

 

 

No que acredita um Taoista?

 

  • União entre todas as coisas do Universo através do Qi [chi];

  • A presença de um estado transcendente denominado “Tao” que está por trás de todas as coisas;

  • O constante aperfeiçoamento do ser humano através da saúde física e da busca incessante da sabedoria para melhor compreender o Universo;

  • O cultivo dos Três Tesouros do Taoísmo: Simplicidade, Humildade e Benevolência;

  • A observação do Wu Wei - é o princípio prático central da filosofia taoista e corresponde a um modo de viver que tem por objetivo reconquistar um estado de harmonia perfeita com o Tao. É um modo de viver que consiste em não se fazer nada de “artificial” ou “manipulativo”, adotando comportamentos que não visem forçar as coisas a serem como desejamos, ou seja, adotar uma conduta completamente serena, sem tensão e sem interferência no curso natural dos acontecimentos;

  • Transmigração (“reencarnação”) como uma ferramenta natural de evolução e autoaperfeiçoamento;

 

 

Porquê escolher o caminho taoista em pleno século XXI

 

  • Pode ser tanto uma religião quanto uma filosofia de vida;

  • Os seus princípios estão em harmonia com a maioria dos credos religiosos que já existem no Ocidente;

  • É uma filosofia milenar porém ainda atual, com preocupações com o meio ambiente e a harmonia entre a vida das pessoas e o planeta;

  • Não possui muitas regras de conduta, baseando-se no princípio de que ao se aproximar do Tao cada pessoa tem consciência do que pode, ou não, ser feito;

  • Visa aperfeiçoar a relação das pessoas com elas mesmas, com os demais e com todo o Universo;

  • Prega o respeito entre todos os seres e a obtenção de saúde e de longevidade como ferramentas para o autoconhecimento;

  • Já faz parte da vida de um grande número de pessoas através das suas técnicas e manifestações: Feng Shui, Acupuntura, Tui Na, Tai Chi Chuan, I Ching, Meditação, Qigong, etc.

 

 

Principais Livros e Obras

  • Tao Te Ching [Daodejing] (“Clássico do Caminho e da Virtude”) – escrito no século IV a.C. por Lao-Tzu [Laozi], consta de 81 versos e é a obra fundamental do Taoismo. É nesta obra que surge o termo “TAO” pela primeira vez.
     

  • I Ching [Yi Jing] (“Clássico das Mutações”) – escrito em 1121a.C. com base em desenhos muito mais antigos, dispõe-se a tratar das inevitáveis mutações do universo e como compreendê-las.
     

  • Chuang-Tzu [Zhuangzi] – atribuído ao sábio Chuang-Tzu, foi compilado no século III a.C. Trata-se de um conjunto de textos curtos em prosa com fundamento filosófico e que analisa o taoismo do ponto de vista das atividades cotidianas. É a obra que fundamenta toda a literatura de prosa chinesa.
     

  • Lieh-Tzu [Liezi] – atribuído ao sábio Lieh-Tzu, por volta do século IV a.C., encerra oito capítulos com histórias de sábios e acontecimentos com viés taoista.
     

  • Huang Di Nei Ching [Huang Di Nei Jing] (“Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo”) – compilado no século II a.C. de fontes muito antigas, integra todos os fundamentos e bases da Medicina Tradicional Chinesa segundo a filosofia taoista, sendo ainda hoje o livro que alicerça a Acupuntura e outras práticas médicas chinesas.
     

  • Daozang (“Tesouro do Tao”) – conhecido como o Canon Taoista, consiste em cerca de 1.500 textos reunidos por volta de 400 d.C. por monges taoistas do período, numa tentativa de reunir todos os ensinamentos do taoísmo, incluindo todos os comentários e exposições de vários mestres dos ensinamentos originais encontrados no Daodejing e Zhuangzi. É uma leitura obrigatória para sacerdotes taoistas e para todos os que pretendam mergulhar fundo nas raízes taoistas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Chuang-Tzu, Chuang-Tzu

 

A Busca da Felicidade

 

Se não parardes de procurar a felicidade, jamais a encontrareis

A minha maior felicidade consiste precisamente em nada fazer

Que seja calculado para atingir a felicidade

Mas receio que, aos olhos da maioria das pessoas,

Tal conduta constitua a pior coisa que se possa fazer

A perfeita alegria não consiste em estar alegre

O supremo elogio está em não receber algum

Se me interrogarem sobre o que devemos, ou não, fazer

A fim de podermos alcançar essa felicidade

Responderei que tais perguntas não têm resposta

Por não haver possibilidade de determinar tal coisa

Contudo, se eu me detiver de lutar pela felicidade

Tanto “certo” como “errado”

Se tornarão imediatamente evidentes, por si só

E o contentamento e bem-estar tornar-se-ão imediatamente exequíveis.

 

 

Chuang-Tzu, Chuang-Tzu

 

A mente do homem perfeito assemelha-se a um espelho que a tudo responde sem hesitação nem favor.

Ela não agarra nem repele coisa alguma, nada recebe e nada conserva. De modo que é capaz de lidar com as coisas sem lhes trazer dano.

A luz do céu e a sombra das nuvens espelham-se na sua superfície.

De onde procede a claridade do lago? Ele reflete a condição de pureza.

Os patos bravos atravessam a imensidão do céu. As suas cabeças refletem-se na água trémula. Não é propositadamente que eles projetam o seu reflexo na água.

Não é de propósito que esta reflete a sua imagem.

 

 

 

Chuang-Tzu, Chuang-Tzu

O Mestre Cozinheiro

 

O cozinheiro do Príncipe estava a retalhar um boi, e aquele abria-se num ápice, sem esforço aparente. O cutelo reluzente murmurejava como a aragem de uma brisa, com sentido de ritmo e propriedade! Como uma dança sagrada...

 

"Bom trabalho! O teu modo artístico é infalível!" - Disse o Príncipe ao cozinheiro.

 

"Método? Aquilo que respeito é mais elevado que qualquer método ou arte! Quando principiei a retalhar um boi, tudo que eu detinha era unicamente a perceção do boi. Passados três anos deixei de perceber o boi. Agora, porém, não percebo nada com a visão mas é todo o meu ser que apreende (espírito). Os meus sentidos tornaram-se indolentes e a mente é deixada livre para operar sem planos e é capaz de seguir o próprio instinto, sem discorrer sobre o modo. Guiando-se pela estrutura natural do boi: afastando os tendões e cortando ao longo das grandes aberturas, o meu cutelo encontra a sua própria expressão de acordo com o corpo do animal. Desse modo, jamais corto ligações ou tendões primeiro e muito menos os ossos principais! Um bom cozinheiro adquire um novo cutelo todos os anos, e isto porque o utiliza para cortar. Um cozinheiro fraco utiliza um cutelo fraco todos os meses, e isto porque trucida. Mas o cutelo deste vosso humilde servo está em uso há dezanove anos e talhou alguns milhares de bois mas tem um fio tão suave como se tivesse acabado de ser amolado. O fio do cutelo está afiado mas além disso as articulações contêm espaços entre si de forma que, como opero sobre esses espaços vazios, tenho espaço à vontade para trabalhar. Mas, se aparecer um sítio mais intrincado, avalio as dificuldades, observo atentamente, suspendo a respiração e trabalho com cuidado, bem devagar. E o cutelo começa a mover-se com bastante subtileza. De repente a peça desarticula-se e espalha-se pelo chão. Depois retiro o cutelo, permaneço sereno e deixo a satisfação instalar-se. Então, limpo o cutelo e arrumo-o.

 

"É isso mesmo!", disse o Príncipe. "Ao escutar as palavras do meu cozinheiro, acabo por aprender o modo como devo viver a vida!"

 

Adaptado de: Prof. Gilberto Antônio Silva

Lao Tzu

Capitulo 1

O caminho que pode ser expresso não é o caminho constante

O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante

Sem-Nome é o princípio do céu e da terra

Com-Nome é a mãe das dez mil coisas

Assim, a constante não-aspiração é contemplar as Maravilhas

E a constante aspiração é contemplar o Orifício

Ambos são distintos em seus nomes mas têm a mesma origem

O comum entre os dois se chama Mistério

O Mistério dos Mistérios é o Portal para todas as Maravilhas.

Wu Jyh Cherng (2008). “Tao Te Ching”

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