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O PENSAMENTO POSITIVO FAZ-LHE MAL

Nos últimos anos temos assistido a um crescente aumento de figuras, palestras, livros e tantos outros meios de exposição desta ideia perigosa.


Muito por conta de um conjunto de obras que tiveram a sua origem nos EUA, este tipo de filosofia instantânea de algibeira, não só é perigosa como visa atacar, pela sua natureza, mentes mais suscetíveis, fragilizadas ou medíocres.


Pensar positivamente é um mecanismo que nos impede de assumir a realidade como ela é. É uma forma de escamotear os acontecimentos, autoinfligir a mentira e a desonestidade em nós próprios e nos outros. Ao fugir da realidade, em resultado da necessidade (que é biológica) de auto preservação e sustentabilidade cognitiva, somos levados a adotar comportamentos que nos afastam do nosso próprio caminho.


Este fenómeno teve nascimento nos EUA e não será por acaso. Os livros que lhe deram origem (“Como fazer amigos e influenciar pessoas” de Dale Carnegie, “Sucesso através de uma atitude mental positiva” de Napoleon Hill, entre tantos outros), centram-se numa construção de pensamento profundamente centrada no valor do poder, da influência, do valor material das coisas, dos bens e da sua aquisição. Esta corrente de pensamento, em verdade, não se foca em pessoas, na sua mente ou na resolução de qualquer tipo de problema. Funciona, sim, como um engodo à desconstrução da visão daqueles que a seguem.


Recorrendo ao exemplo do professor Srikumar Rao (Ph.D.) Temos por hábito dizer: “Se a vida te dá limões, faz limonada”. Seguimos felizes, sem questionar o ditado. Porém, é necessário refletir com seriedade: a vida realmente nos deu limões ou essa foi apenas a nossa resposta inicial e irrefletida à situação? Quantas vezes não terá dado por si a desvalorizar situações à posteriori, cujo primeiro impacto havia sido assustador?

Por outro lado, se o limão é assim uma coisa tão negativa, algo que não desejamos, queremo-lo, agora, para fazer limonada, convencidos que isso trará alguma salvação? Que contra senso é este?


Por fim, se assim ocorreu, já não basta ter que se lidar com o limão e eventualmente com o processo de fazer limonada, será que é realmente necessário passar por essa fase e por esse conjunto de provações?


O que faz a maior parte das pessoas no meio disto? Senta-se num canto da sua mente, negando a realidade ou vivendo meias verdades. Com efeito, viver meias verdades é sempre mais prejudicial uma vez que somos embalados num ritmo de fantasia que acabará por dominar as nossas escolhas, os nossos atos, a nossa vida e, por consequência, a dos outros.


Reflita, medite sobre os seus problemas. Eles necessitam de ser trabalhados e libertados. Se os consome em autoflagelação eles acabarão por o consumir também a si. Não reprima a realidade. Aprenda a lidar com a verdade do universo: a coisa aconteceu, mas assim como aconteceu e não existia antes, deixará de acontecer.

Tudo muda, tudo está em constante mutação segundo as leis do universo. Assim como a água flui no leito do rio e transporta na sua superfície uma pequena folha, também a nossa vida fluirá, devendo nós, a pequena folha, decidir ajustar-nos a esse fluxo, não o negando, não o fantasiando, mas assumindo que ele simplesmente aconteceu e é uma realidade com a qual terei que lidar.


Este é o caminho.


O pensamento positivo é a filosofia da hipocrisia, ensina a camuflar a realidade da vida com uma falsa sensação de segurança que não poderá ser sustentada por muito tempo e que, por certo, nunca lhe trará felicidade!


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